Banco do Brasil (BBAS3) queda de 20,7% no lucro no 1T25: é hora de comprar?
O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2025 (1T25) com números robustos, mantendo a consistência operacional que vem marcando os últimos anos. No entanto, mesmo com um balanço positivo, as ações registraram queda acentuada no pregão seguinte à divulgação. Diante disso, muitos investidores se perguntam: vale a pena comprar BBAS3 agora ou esperar uma nova correção?
Neste artigo, analisamos os principais números do trimestre, os motivos da reação negativa do mercado e se o atual momento representa uma oportunidade ou exige cautela.
Resultados do Banco do Brasil no 1T25: lucro sólido e boa rentabilidade
O Banco do Brasil reportou um lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no 1T25, representando uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período de 2024. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 16,7%, abaixo dos 21,7% registrados no 1T24.
Principais destaques do balanço:
- Lucro líquido ajustado: R$ 7,37 bilhões (queda de 20,7% a/a)
- ROE: 16,7% (redução de 5 p.p. a/a)
- Carteira de crédito ampliada: R$ 1,277 trilhão (crescimento de 14,4% a/a)
- Índice de inadimplência acima de 90 dias: 3,86% (aumento de 0,96 p.p. a/a)
- Margem financeira bruta: R$ 23,88 bilhões (queda de 7,2% a/a)
Apesar da queda no lucro, o banco manteve níveis robustos de operação e controle de despesas, além de reforçar sua posição como um dos maiores pagadores de dividendos do mercado brasileiro.
- Itaúsa (ITSA4) apresenta lucro de R$ 3,9 bilhões no 1T25 – Passos para Investir
- Petrobras (PETR4) no 1T25: Lucro líquido de R$ 35,2 bilhões – Passos para Investir
Por que as ações do Banco do Brasil (BBAS3) caíram após os resultados?
Mesmo com números sólidos, as ações de BBAS3 recuaram cerca de 12,7% após a divulgação dos resultados. Esse movimento pode ser explicado por alguns fatores:
1. Lucro abaixo do esperado
O mercado projetava um lucro próximo de R$ 9,3 bilhões. A frustração com o número efetivo de R$ 7,37 bilhões contribuiu para a correção nos preços.
2. Aumento da inadimplência no agronegócio
A inadimplência no setor agropecuário — historicamente um dos pilares do BB — subiu de forma relevante, pressionando as provisões para perdas e reduzindo a confiança dos investidores.
3. Impacto das novas regras contábeis
A adoção da Resolução CMN nº 4.966/2021 afetou o reconhecimento de receitas, especialmente no crédito rural, gerando efeitos negativos nos resultados do 1T25.
Valuation: BBAS3 está barata?
Apesar da recente queda, as ações de BBAS3 seguem com múltiplos bastante atrativos, sobretudo para investidores focados em valor e dividendos:
- Preço/Lucro (P/L): 3,9x – bem abaixo da média do setor bancário, que gira em torno de 8x
- Preço/Valor Patrimonial (P/VP): 0,7x – indicando que a ação está sendo negociada com desconto frente ao valor contábil
- Dividend Yield (DY): aproximadamente 7,7% – superior à média do setor e bastante competitivo mesmo em ambiente de juros altos
Esses números indicam que BBAS3 não está cara, embora a queda recente tenha sido uma correção justificada frente à surpresa negativa nos lucros. Ainda assim, os fundamentos permanecem fortes e podem representar uma boa entrada futura — se os preços recuarem ainda mais.
Comprar BBAS3 agora ou esperar?
Neste momento, a recomendação é de espera estratégica. O banco segue sólido, com boa rentabilidade e política de dividendos agressiva, mas a combinação entre lucro abaixo das expectativas, aumento da inadimplência e incertezas macroeconômicas ainda pode gerar nova pressão sobre os preços.
Em resumo:
Fundamentos continuam sólidos
Queda recente abriu algum espaço no valuation
Riscos setoriais e políticos ainda pesam
Melhor ponto de entrada pode estar mais à frente
Conclusão
O resultado do Banco do Brasil no 1T25 confirma a robustez da instituição, mesmo diante de um trimestre desafiador. No entanto, a forte reação negativa do mercado mostra que há preocupações legítimas sobre a inadimplência e a sustentabilidade dos lucros em 2025.
Para quem já tem BBAS3 em carteira, manter pode fazer sentido. Para novos aportes, vale monitorar o papel com atenção, em busca de pontos ainda mais descontados.