O interesse dos brasileiros por investimentos internacionais cresce a cada ano. A busca por diversificação, proteção cambial e acesso a setores globais levou instrumentos como BDRs e ETFs internacionais a ganharem espaço no mercado.
Este guia explica como funcionam essas opções, apresenta exemplos práticos e mostra de que forma elas permitem ao investidor acessar ativos globais diretamente do Brasil.
Por que investir no exterior?
O investimento internacional abre portas para economias, moedas e setores que não estão disponíveis no mercado doméstico. Entre os benefícios mais citados estão:
- Proteção contra a volatilidade do real: ativos atrelados ao dólar ou euro podem equilibrar variações cambiais.
- Acesso a empresas globais: gigantes da tecnologia, consumo e saúde, como Apple e Microsoft, não estão listadas na bolsa brasileira.
- Redução do risco local: distribuir recursos em diferentes países ajuda a mitigar impactos de crises internas.
O que são BDRs?
Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) são certificados que representam ações de empresas estrangeiras e são negociados na B3, em reais. Na prática, o investidor compra um recibo que confere direito econômico sobre uma ação depositada em uma instituição financeira no exterior.
Exemplos de BDRs disponíveis na B3
- AAPL34 – BDR da Apple
- MSFT34 – BDR da Microsoft
- AMZO34 – BDR da Amazon
- KO34 – BDR da Coca-Cola
Esses BDRs permitem exposição a empresas conhecidas mundialmente, sem a necessidade de abrir conta em corretora estrangeira.
Características dos BDRs
- Negociação em reais: a compra e venda ocorre como em qualquer ação brasileira.
- Exposição internacional: acesso a companhias globais de diferentes setores.
- Custos: incluem corretagem, emolumentos da bolsa e tributação.
- Tributação: segue as mesmas regras das ações, com alíquota de 15% sobre ganhos de operações comuns e isenção para vendas mensais de até R$ 20 mil.
O que são ETFs internacionais?
Os Exchange Traded Funds (ETFs) são fundos de índice negociados em bolsa. Eles replicam o desempenho de um índice de referência, permitindo que o investidor acompanhe o desempenho de vários ativos de uma só vez.
ETFs listados no Brasil
Na B3, existem ETFs que replicam índices estrangeiros. Alguns exemplos:
- IVVB11 – replica o índice S&P 500, que reúne 500 das maiores empresas dos Estados Unidos.
- SPXI11 – também segue o S&P 500, mas com outra gestora.
- NASD11 – acompanha o índice Nasdaq 100, composto pelas maiores empresas de tecnologia dos EUA.
ETFs negociados no exterior
Para quem acessa bolsas internacionais por meio de corretoras estrangeiras, há ETFs conhecidos globalmente, como:
- SPY (SPDR S&P 500 ETF Trust) – um dos ETFs mais negociados do mundo.
- QQQ (Invesco QQQ Trust) – replica o índice Nasdaq 100.
- VEA (Vanguard FTSE Developed Markets ETF) – foca em países desenvolvidos fora dos EUA.
Características dos ETFs internacionais
- Diversificação imediata: ao comprar uma cota, o investidor se expõe a dezenas ou centenas de empresas.
- Liquidez: são negociados em bolsa como ações.
- Custos: possuem taxa de administração e estão sujeitos à tributação.
- Tributação: no Brasil, ETFs não têm a isenção de R$ 20 mil por mês; qualquer ganho líquido é tributado.
Comparativo: BDRs x ETFs
Aspecto | BDRs | ETFs Internacionais |
---|---|---|
Exposição | Uma empresa específica (ex.: AAPL34 – Apple) | Diversificação em várias empresas (ex.: IVVB11 – S&P 500) |
Negociação | B3, em reais | B3 (em reais) ou bolsas internacionais (em dólares) |
Diversificação | Baixa, depende da empresa escolhida | Alta, segue índices globais |
Tributação | Regras semelhantes às ações (com isenção de até R$ 20 mil/mês) | Regras próprias, sem isenção de R$ 20 mil/mês |
Custos | Corretagem e emolumentos | Taxa de administração + custos de negociação |
Os BDRs são mais focados em empresas específicas, enquanto os ETFs oferecem exposição ampla a índices inteiros.
Passo a passo para começar a investir no exterior (BDR e ETF)
- Abrir conta em corretora habilitada
- No Brasil, é possível negociar BDRs e ETFs listados diretamente pela B3.
- Em corretoras internacionais, o acesso se amplia a ETFs e ações listados no exterior.
- Explorar os ativos disponíveis
- Identificar BDRs de empresas globais que já estão listados na bolsa brasileira.
- Avaliar ETFs que acompanham índices amplos, como o S&P 500 ou o Nasdaq 100.
- Conhecer custos e tributos
- Entender as taxas envolvidas e as regras de tributação aplicáveis a cada tipo de ativo.
- Planejar a alocação
- Definir qual parcela da carteira terá exposição internacional, considerando o perfil de risco e os objetivos financeiros.
Tributação no investimento internacional
A tributação varia conforme o veículo escolhido:
- BDRs: seguem as regras de ações. Ganhos líquidos são tributados em 15% (operações comuns) e 20% (curto prazo). Existe isenção para vendas de até R$ 20 mil no mês.
- ETFs listados na B3: qualquer ganho é tributado em 15%, sem isenção de R$ 20 mil.
- ETFs no exterior: além do ganho de capital, exigem declaração via carnê-leão, e podem incidir regras específicas de tributação de ativos estrangeiros.
Manter registros organizados e emitir DARFs no prazo evita problemas fiscais.
Erros comuns ao investir no exterior
Alguns equívocos recorrentes podem comprometer os resultados:
- Esquecer da tributação: não calcular corretamente os impostos gera multas.
- Concentrar em poucos ativos: investir apenas em um BDR reduz os benefícios da diversificação.
- Focar em nomes famosos sem análise: empresas conhecidas não garantem resultados por si só.
- Ignorar custos adicionais: corretagem, taxas de administração e emolumentos impactam o retorno final.
Conclusão
O investimento internacional já é acessível para investidores brasileiros. Através de BDRs de empresas globais e ETFs que replicam índices estrangeiros, é possível diversificar a carteira, proteger-se da volatilidade local e ter exposição a setores inovadores da economia mundial.
Com planejamento, conhecimento das regras de tributação e clareza sobre os objetivos, esses instrumentos podem fazer parte de uma estratégia de longo prazo.